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17/05/2021

Você conhece a realidade das mães no Mercado de Trabalho?

Você sabe como começou as comemorações do dia das mães no Brasil? A data foi instituída no país pelo presidente Getúlio Vargas em 1932. O estabelecimento dessa comemoração foi resultado dos esforços do movimento feminista brasileiro. O decreto que oficializou foi o de nº 21.366, assinado em 5 de maio daquele mesmo ano. O dia das mães é comemorado anualmente no segundo domingo do mês de maio, e serve para homenagear todo o amor, carinho, luta e dedicação que as mães têm todos os dias com seus filhos. Mas você sabe o que elas enfrentam diariamente no mercado de trabalho?

E o mercado de trabalho?

Depois de muitas lutas as mulheres começaram a entrar com força no mercado de trabalho brasileiro apenas em 1970. Desde lá, a presença feminina só foi crescendo, buscando novas ocupações e funções de destaque. Mas mesmo com todo esse avanço, o mercado de trabalho não é tão generoso com as mães. Uma pesquisa realizada em 2019, pela doutora em economia Cecília Machado em parceria com o mestre em economia Valdemar Pinho Neto na Fundação Getúlio Vargas mostra que a probabilidade de emprego das mães no mercado de trabalho formal aumenta gradualmente até o momento da licença e decai depois. A queda no emprego começa após o período de proteção que é garantido pela licença (quatro meses). Após 24 meses, quase metade das mulheres que tiraram a licença-maternidade estão fora do mercado de trabalho, e esse padrão se perpetua após 47 meses após a licença. A maior parte das demissões se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador. Esses resultados são bastante heterogêneos, dependendo da escolaridade das mães. As trabalhadoras com maior escolaridade apresentam queda de emprego de 35% 12 meses após o início da licença, enquanto a queda é de 51% para as mulheres com nível educacional mais baixo. Um relatório produzido pela MindMiners mostra que 30% das mulheres declararam ter sofrido algum preconceito por causa da gravidez, enquanto 28% tiveram problemas psicológicos por conta da pressão no trabalho.

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A dupla jornada é com elas

No âmbito social e cultural, ainda é atribuída às mulheres a responsabilidade da maior parte do trabalho doméstico, bem como cuidar de crianças, idosos ou pessoas com deficiência, ou seja, as atividades não remuneradas feitas no ambiente privado. Assim, podemos perceber que mesmo com o crescimento das mulheres no mercado de trabalho, elas não conseguem se desvincular do papel social que as foi designado, o que dificulta seu sucesso profissional e gera uma sobrecarga física que prejudica sua saúde e bem estar. 

Uma pesquisa divulgada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a jornada semanal das mulheres dura em média 3,1 horas a mais do que a dos homens, considerando o tempo dedicado ao emprego e ao cuidado com a casa e seus moradores. A jornada feminina ocupa 53,3 horas semanais. A jornada masculina fica, na média, em 50,2 horas por semana.

A desigualdade de gênero no Brasil é apresentada de muitas formas, uma das diferenças histórias é em relação ao trabalho, condições de remuneração, empregabilidade, proteção social e direitos trabalhistas fundamentais, e claro, tudo isso somado a uma carga maior para as mulheres no que diz respeito aos afazeres domésticos.

As mães e o home office

A pandemia do coronavírus trouxe uma outra realidade para o Brasil. O home office tornou-se obrigatório e está sobrecarregando muito mais as profissionais que têm filhos. Uma pesquisa sobre home office realizada pela startup Pin People, com 30 mil trabalhadores do Brasil e da América Latina, mostrou que a saúde mental das mulheres está em estado crítico, a pesquisa apontou que as mães estão tendo uma experiência de trabalho remoto muito pior que a dos pais. As maiores dificuldades que as mães têm enfrentado são conciliar isolamento social e saúde mental, e conciliar trabalho formal, tarefas domésticas e os filhos. Elas têm sofrido uma piora na saúde emocional e afirmam sentir sintomas característicos de ansiedade. 

Cabe às empresas sugerirem experiências de trabalho remoto menos engessado, focando em metas e não necessariamente no cumprimento de horários como no escritório da empresa, essa pode ser uma alternativa que viabilize o trabalho das mães e não prejudique o seu desempenho profissional e nem os resultados da empresa. O local de trabalho teve que mudar com a pandemia, mas precisamos de profissionais saudáveis física e mentalmente, felizes e comprometidos.

Texto por Marília Bede, graduanda em jornalismo e Assistente de Conteúdo na Agência S3.